segunda-feira, 7 de julho de 2008

Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758)

Estarei postando sobre falconiformes começando por esse ai.





Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758)

Acauã

Foto: Ken Erickson

Ordem: Falconiformes

Família: Falconidae

Outros Nomes: Macauã, Acanã

Habitat: Florestas, campos, borda de Matas

Distribuição: América do Sul

Alimentação: Répteis, Cobras

Nome em inglês: Laughing falcon
Comprimento: 47 cm. Presente em todo o Brasil e também do México à Argentina.



Comum em bordas de florestas, capoeiras, florestas de galeria, campos com árvores e cerrados. Alimenta-se de lagartos, morcegos e cobras - das quais tornou-se famoso exterminador, apesar de caçar principalmente espécies inofensivas, como a cobra-cipó. Vive solitário, permanecendo pousado por longos períodos a média altura em árvores isoladas, que ofereçam boa visibilidade. Costuma cantar ao entardecer e ao amanhecer. Faz ninho em cavidades de árvores, aproveitando com menor freqüência o ninho de outros gaviões. Conhecido também como macauá e acanã. Os gaviões e falcões são muito parecidos entre si. O acauã é um falcão especializado em caçar cobras, praticamente o único alimento que apanha. Para isso, fica pousado em galhos altos, expostos, de onde patrulha as imediações. Apanha tanto as cobras no solo, como entre a vegetação. Seu formato é único entre os gaviões e falcões. Bastante cabeçudo, possui uma máscara negra estendendo-se dos olhos até a nuca (na foto, esticando a asa esquerda, espreguiçando-se). A cauda, longa e negra, possui 5 listras brancas estreitas. O olho é negro, com a pele em volta das narinas e os pés amarelados. Bico negro. As penas do alto da cabeça tanto podem estar abaixadas, formando uma silhueta arredondada, como eriçadas, aumentando o tamanho da cabeça. Em vôo, as asas parecem curtas e arredondadas, pequenas em proporção à cabeça e cauda. Bate as asas de modo especial, rapidamente e em pequena amplitude, parecendo estar fazendo um grande esforço para voar.No entanto, outra característica torna essa ave uma das mais conhecidas no Brasil. Cada casal delimita um território de caça próprio (algumas medições chegaram a valores entre 400 e 2.500 ha). Para demarcá-los, possuem um grito longo, começando com chamados sequenciados, graves e curtos, semelhantes a uma risada, os quais aumentam em intensidade e duração, até chegar à frase final, traduzida como acauã ou macauã (o primeiro “a” ou “ma” separado por um pequeno intervalo). Esses chamados duram vários minutos (já foram escutados por 9 minutos sem intervalo). Pode ser dado por um indivíduo solitário ou pelo casal em um dueto. O grito é tão alto que cobre a maioria dos sons produzidos na mata. É mais freqüente ao amanhecer ou escurecer, embora possa ser escutado no meio do dia ou à noite. O chamado do acauã tanto é considerado de bom, como de mau agouro, dependendo da região do país. Em alguns lugares, acredita-se que anuncia a morte de alguém da casa, enquanto em outros, a chegada da boa sorte e fortuna. No nordeste do Brasil, diz a lenda que se o acauã cantar em uma árvore seca, o ano será de seca, se for em uma árvore com folhas, a chuva será boa.

Fonte: www.avesderapinabrasil.com

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Desmatamentos colocam em risco de extinção as aves do Pontal (SP)


Tema:Ecologia

Autor: Redação 360 Graus

Data: 24/11/2006



Embora seja recente a história de ocupação do Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste de São Paulo, por fazendas monocultoras e de criação de gado - fato ocorrido há 50 anos e que tornou a paisagem da região um conjunto de fragmentos de florestas -, estudos científicos revelam a necessidade de frear o desmatamento e trabalhar pela recuperação da Mata Atlântica que ainda resiste.

“A extinção de muitas espécies na região pode ainda não ter ocorrido por falta de um intervalo de tempo maior”, explica o biólogo Alexandre Uezu, pesquisador do IPÊ que concluirá, no final deste ano, doutorado sobre a composição e estrutura da comunidade de aves na paisagem fragmentada do Pontal, no Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências, da USP (Universidade de São Paulo), sob orientação de Jean Paul Metzger.

A ciência mostra que, após 50 anos de isolamento, fragmentos de aproximadamente mil hectares apresentam metade das extinções de aves que ainda devem acontecer. “Esse resultado revela a urgência do estudo sobre a avifauna e a necessidade de amenizar os impactos negativos da fragmentação”, alerta Uezu. Na região existem três espécies já consideradas quase ameaçadas: a cigarra-do-campo (Neothraupis fasciata), a araponga (Procnias nudicollis) e o macuco (Tinamus solitarius). E a chibante (Laniisoma elegans) é tida como vulnerável.

No projeto, realizado desde 2003, foram amostradas 28 áreas, dentre elas 21 remanescentes de floresta e sete áreas dentro do Parque Estadual do Morro do Diabo, considerada área controle do estudo por apresentar a maior cobertura de vegetação. Para descobrir quais são os fragmentos mais importantes para as aves, foram selecionados remanescentes de mata em três tamanhos diferentes: sete grandes (acima de 400 hectares), sete médios (100 a 200) e sete pequenos (30 e 80).

A pesquisa considerou o histórico da fragmentação, a sensibilidade (como os animais respondem) e percepção das espécies à paisagem degradada, a influência da conectividade da paisagem por stepping stones – ou trampolins (que teve a cooperação do pesquisador Dennis Beyer) e a relação parasita-hospedeiro entre as aves e os carrapatos.

O tamanho e grau de isolamento dos fragmentos e a qualidade da floresta determinam a abundância (freqüência com que é vista) e a distribuição (onde pode ser encontrada) das 147 espécies dependentes de florestas identificadas na paisagem do Pontal. Constatou-se que a diversidade varia de acordo com o tamanho das áreas verdes, e que este é o fator mais determinante para definir a sensibilidade de boa parte das espécies. “A diversidade de aves é progressivamente menor da área do parque aos fragmentos grandes, médios e pequenos”, conta o pesquisador do IPÊ, que ainda aponta para o fato de que as espécies endêmicas da Mata Atlântica – como olho-de-fogo (Pyriglena leucoptera), araponga (Procnias nudicollis), surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon surrucura) e tangará dançador (Chiroxiphia caudata) - são mais afetadas do que as não-endêmicas. Ele explica que isso ocorre porque o Pontal está numa área limite da Mata Atlântica, e, portanto, é borda também da distribuição das espécies endêmicas, o que já determina populações menores e conseqüente grau maior de ameaça. “A sensibilidade delas à fragmentação acaba sendo maior nessas áreas”.

A qualidade da estrutura da vegetação – como a densidade de árvores - foi estudada para determinar a sensibilidade das espécies. Como o quase ameaçado macuco, há aves adaptadas a menos tipos de floresta, o que as tornam menos flexíveis para paisagens degradadas. “O manejo dos fragmentos pode melhorar a qualidade da vegetação e, assim, permitir que espécies mais sensíveis se instalem nessas áreas”, esclarece Uezu. Ele cita o plantio de árvores nativas e a retirada dos cipós - que impedem o crescimento da vegetação - como atitudes relevantes.

Trampolins – É bastante comum associar a existência de sistemas ou bosques agroflorestais, que funcionam como stepping stones, à sobrevivência de inúmeras espécies animais. Os stepping stones, também conhecidos como trampolins, conectam fragmentos isolados, auxiliando na movimentação das espécies pela paisagem. Esse trânsito pode ser positivo para aumentar a variabilidade genética de uma espécie, auxiliar na busca por alimentos e na dispersão de sementes.

Comparando áreas com e sem trampolins, a pesquisa de Uezu constatou que nem todas as espécies de aves conseguem usar os trampolins, em especial as florestais (encontradas apenas nas florestas), muito sensíveis às áreas abertas. O contraste é tão grande entre a vegetação nativa e o pasto em volta que essas espécies não conseguem sair do fragmento para alcançar os trampolins. Isso mostra que também é necessário manejar a área de pasto, tornando-a menos resistente, para aumentar a eficiência dos stepping stones. “No entanto, os trampolins já fazem diferença para uma parte das aves, as generalistas (encontradas nas florestas e áreas abertas) e, portanto, parte das suas funções ecológicas já são restabelecidas com a instalação desses sistemas, como a dispersão de sementes”, explica o biólogo.

Diversos métodos foram utilizados para verificar a densidade, diversidade e abundância das aves, entre eles: levantamentos por ponto fixo – por observações visuais e pelo som das aves identificam-se as espécies e a sua localização; capturas por redes de neblina – redes imperceptíveis para algumas espécies, que propiciam a manipulação dos animais e tomada das suas medidas; rádio telemetria – um rádio transmissor, com bateria que dura três meses, é acoplado à ave; triangulação para obter a localização exata do pássaro, funciona com uma antena e um receptor; e coletas de dados sobre a estrutura da vegetação.

Ectoparasitas - A presença de ectoparasitas (carrapatos) também foi observada na pesquisa. A taxa de infestação por carrapatos é maior em fragmentos menores e mais isolados. Neles, foram encontradas aves infestadas por mais de 600 carrapatos, o que demonstra que há sério desequilíbrio ecológico no ambiente – a ausência de predadores aumenta o número de hospedeiros, tornando as aves mais vulneráveis aos parasitas.

A coleta dos carrapatos ainda foi utilizada para descobrir se havia infecção por bactérias do gênero Rickettsia, o mesmo gênero da espécie causadora da febre maculosa brasileira. Esses dados ainda estão sendo avaliados em laboratório, a partir de técnicas moleculares aplicadas por Maria Ogrzewalska, do Instituto de Veterinária da USP.

Dinâmica da paisagem – Através de imagens de satélite, fotografias aéreas e mapas topográficos, a dinâmica da paisagem do Pontal foi mapeada para diferentes anos: 1956, 1965, 1978, 1984, 1988 e 2003. Para cada ano, foram calculados índices que representam o tamanho dos fragmentos e o grau de isolamento deles. Dados de diversidade e riqueza das espécies foram relacionados com os índices das paisagens do passado e da atualidade. Essas informações fornecem a medida exata do quanto as aves estão ameaçadas.

“A riqueza dos grupos na atualidade está mais relacionada com a paisagem de 1978, quando houve grande impacto sobre a vegetação”, constata Uezu. Infere-se daí que o tempo de latência acumulado (ou tempo que leva para uma espécie desaparecer após a fragmentação) é de aproximadamente 25 anos para as aves do Pontal. “Isso indica que mais perdas acontecerão, mesmo que cesse a destruição das florestas, quando terminar o que chamamos de período de relaxamento e as aves enfim se adequarem ao ambiente transformado. É importante reverter o mais rápido possível o processo de fragmentação, através do manejo da paisagem, para barrar esse processo”, explica.

O projeto recebeu apoio da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), Idea Wild e The E. Alexander Bergstrom Memorial Research Award – Association of Field Ornithologists.
O uirapuru-laranja (Pipra fasciicauda) é uma das 147 espécies ainda encontradas na região do Pontal do ParanapanemaFoto: Agência Fapesp

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Beija-Flor-Preto (Florisuga fusca)


Beija-Flor-Preto (Florisuga fusca)

Espécie com aproximadamente 12,6 cm, um representante marcante no Brasil oriental; o colorido contrastante vistoso das retrizes é exibido quando o pássaro expande a calda em um leque branco cortado em 2 partes pelas centrais negras; o branco da cauda continua até os flancos e forma uma faixa sobre o crisso. Não há dimorfismo sexual acentuado. O imaturo possui larga faixa castanha nos lados da garganta.
Parece manter-se no ar por mais tempo do que os outros beija-flores, exibindo seus belos contrastes que chamam a atenção de longe. O vôo nupcial consiste emperseguiçoes ziguezagueantes à fêmea. O casal sobe as alturas, parando a cada lance, de aproximadamente 20 metros, um de frente para outro em vôo de libração. Essa espécie é encontrada à beira da mata, capoeira, jardins bananais; freqüentemente em copas de arvores altas. Ocorre da Paraíba ao Rio grande do Sul; pode ser abundante periodicamente.


















Em breve
novas atualizações
Stanley.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ornitologia



Ornitologia é o ramo da biologia que se dedica ao estudo das aves a partir quer de sua distribuição na superfície do globo, das condições e peculiaridades de seu meio, costumes e modo de vida, quer de sua organização e dos caracteres que as distinguem umas das outras, para classificá-las em espécies, gêneros e famílias.
A ornitologia é uma das poucas ciências beneficiadas por importantes contribuições de amadores. E, embora muitas informações provenham de observação direta, algumas áreas da ornitologia tiram proveito de técnicas e instrumentos modernos como anilhamento de aves, radar e radiotelemetria.
No Ocidente,
Aristóteles foi um dos primeiros a escrever sobre as aves em sua obra Sobre a história dos animais, continuada em Roma, mais de três séculos depois, por Plínio, o Velho. Várias obras da Idade Média e do início da era moderna registram observações pessoais relevantes, como A arte de caçar com aves, escrita pelo imperador alemão Frederico II no século XIII, ou a Histoire de la nature des oiseaux (1555; História da natureza das aves), do naturalista francês Pierre Belon. O marco inicial do estudo científico das aves é o trabalho do naturalista inglês Francis Willughby, continuado por seu colega John Ray, que publicou The Ornithology of F. Willughby (1678; A ornitologia de F. Willyghby), em que aparece a primeira tentativa metódica de classificação das aves, baseada essencialmente nos caracteres de forma e de função.
Aplicaram-se à ornitologia, como aos demais ramos das ciências naturais, os métodos do naturalista sueco
Lineu, cuja classificação sistemática, ou taxonomia, foi adotada como ponto de partida para todas as questões relativas à nomenclatura binária das espécies do mundo vivo, seguida com absoluta consistência pelos ornitólogos.
Em consequência dos grandes descobrimentos marítimos do século XVI, um número crescente de aves inteiramente desconhecidas pelos europeus ficou sem classificação, o que se tornou um problema para a ornitologia. Os pesquisadores passaram a estudá-las por meio de exemplares conservados em seus gabinetes, origem dos primeiros museus. Entre essas coleções particulares figurava a do físico francês René de Réaumur, a quem se deve a técnica de conservação dos exemplares a seco (
taxidermia), em que se baseiam os estudos taxionômicos.
No século XIX os especialistas concentraram-se na anatomia interna, por sua aplicação à taxonomia. No decorrer do século XX, o estudo anatômico cedeu lugar ao crescente interesse por critérios ecológicos e etológicos.
Ornitologia no Brasil
Entre as referências mais antigas feitas à avifauna brasileira destacam-se as que se encontram no livro do arcabuzeiro alemão Hans Staden, que caiu prisioneiro dos índios por volta de 1553. A essa fonte somam-se as informações esparsas nas obras de dois franceses, o franciscano
André Thevet e o calvinista Jean de Léry, bem como nas de outros religiosos e viajantes. O estudo das aves indígenas figura como um dos capítulos mais importantes da História naturalis Brasiliae (1648), do naturalista holandês Georg Marcgrave.
Valiosos dados, cujo interesse se mantém até hoje, foram coletados no período colonial pela "viagem filosófica" de Alexandre Rodrigues Ferreira à região amazônica, patrocinada pela coroa portuguesa no final do século XVIII. Todas as muitas expedições científicas ao Brasil durante os século seguinte, como a de Georg Heinrich von Langsdorff, a do príncipe Maximilian von Wied-Neuwied e a de Hermann Burmeinster, deixaram registros ornitológicos de variada importância. A obra de Burmeister se notabilizou por haver tentado uma descrição geral das aves do país, embora muito limitada a regiões de Minas Gerais.
Materiais obtidos pelo colecionador alemão Johann Centurius von Hoffmannsegg e incorporados ao museu de Berlim permitiram que Johann Karl Wilhelm Illiger, Martin Heinrich Lichtenstein e outros descrevessem espécies até então ignoradas na Europa.
O francês Pierre-Antoine Delalande colecionou extraordinário número de espécies novas, de ocorrência no Rio de Janeiro, descritas por seu compatriota Louis Vieillot. Outro francês, Edouard Ménétriès, que viajara por Minas Gerais em companhia de Langsdorff, reuniu material que mais tarde estudou no Museu de São Petersburgo. Entre os ornitologistas ingleses no Brasil o principal foi William Swainson, que descreveu e desenhou primorosamente as aves nordestinas.
Foram também muito úteis aos estudos ornitológicos brasileiros as viagens de Alfred Russel Wallace e de outros à Amazônia, assim como o Catalogue of the Birds in the British Museum (1874-1875; Catálogo de aves do Museu Britânico), que marcou época e até hoje constitui obra indispensável aos estudiosos. O dinamarquês Johannes Theodor Reinhardt ocupou-se das aves coletadas por Peter Wilhelm Lund em sua jornada pelas regiões campestres de Minas Gerais e estados vizinhos. A expedição americana de 1865, chefiada por Louis Agassiz, assinalou o começo de um ciclo de visitas ao Brasil de naturalistas-colecionadores dos Estados Unidos.
Dentre os principais estudos da ornitologia brasileira destacam-se os trabalhos realizados no Museu Nacional, no Rio de Janeiro; no Museu Emílio Goeldi, em Belém do Pará; e no Museu Paulista, que em 1907 publicou um Catálogo das aves do Brasil, seguido por edições ampliadas. Outras obras fundamentais de referência são As aves do Brasil (1894-1900), de Emílio Goeldi, e Catálogo das aves amazônicas (1914), de Emilie Snethlage.